Quando eu vim morar na Argentina, tive mudanças na minha vida, aprendi a me virar sozinha, lidar com a distancia da familia que estava no Brasil, me casei, tive meu primeiro filho....
Mas mal sabia eu que a vida me guardava algo mais.... digamos.... drástico.
Alemanha, novembro de 2011, a partir daí eu comecei a viver uma experiencia que iria mudar bastante o meu modo de ver a vida.
Não vou contar minha experiencia numa narrativa cansativa, quero apenas fazer tópicos de um resumo que eu considero que pode ser importante para uma analise de vocês. Pode até parecer engraçado, mas foi um teste de limites. E o que é pior: uma vez que você vê que os seus límites vão muito além do que você imaginava.... amigos, isso é uma viagem sem volta.
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Viver sem carro: Queridos leitores, se vocês acham que a vida sem carro em um país de primeiro mundo é fácil porque há transportes públicos que funcionam ... Hummm... Pode até ser, mas sem filhos. Sair com carrinho, parafernalha de bebê e etc., dá trabalho. E com chuva então... Criança chora que não quer por a capa de chuva no carrinho, vc tem que levar o carrinho de bebê com uma mao e a outra segurando o guarda-chuva... Hummm... E se você somar a isso mais uma criança, ou seja, sair com dois, na chuva, sozinha, um no carrinho o outro na mochila com você, ou ainda, um no carrinho e outro no patinete com um guarda-chuva e o outro esgoelando no carrinho de bebê com a capa de chuva, mais você, segurando o seu guarda-chuva.., afff... Só de lembrar, fico cansada. Xingava, esbravejava contra o universo, e dizia que ia usar o carro pra tudo quando eu voltasse pra Argentina. Daí vem a pior parte... Nãooo... Deixo o carro a umas 10 quadras do centro, enfio as crianças no carrinho de bebê e vou contente andando pelas ruas de San Juan, que além de ser um retão só, não chove nunca! Kkkkkkkk
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Ida ao supermercado e uso de sacolas plásticas: Nunca fui do tipo ecológica quando morava no Brasil ou na Argentina. Nao ia ser diferente na Alemanha. Lá quando eu cheguei, frequentava esses supermercados Discounts - Aldi. Uma zona, não é separado por baias, bom... E a sacolas plásticas são pagas. No começo achava o cúmulo, mas tive que me acostumar, compramos um carrinho de compras e comprei as sacolinhas de tecido pra levar na bolsa. Outro choque cultural foram as caixas do supermercado. Passavam tudo correndo, e você tinha que ensacar tudo rápido ou colocar tudo devolta no carrinho senao elas falavam um monte, e o pior em alemao. As comidas eram, a pesar de baratas, de ótima qualidade. Havía o problema que eu morava no terceiro andar e sempre tinhamos que subir todas as escadas com aquele monte de compras... e duas crianças. Também reclamava e dizia que quando eu voltasse pra Argentina ia parar o carro na porta da minha casa despejar as compras em sacolas plásticas diretamente dentro da geladeira. hahaha e o que vcs acham que aconteceu... Nao, eu nao vou fazer compras a pé aqui em San Juan... Vou de carro, mas nao uso jamais uma sacola plástica. Gostei tanto da soluçao de ter as sacolinhas de tecido na bolsa e nao ficar juntando aquele mundo de sacos plásticos que continuei com o costume. E quando vamos fazer as compras grandes quinzenais levamos caixas de papelao para trazer as bebidas. Além de pedir pelamordedeus que venha da Alemanha uma caixa para me atender mais rápido na fila do supermercado, aqui sao muito lerdos.
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Tarefas de casa e cuidado com os filhos: Limpar e cozinhar nunca foi meu forte, sempre trabalhei fora, mesmo depois de ter o Gabriel. E sempre tive empregada. Quando fui pra Alemanha, estava disposta a ficar com o Gabriel e cuidar da casa, fazer comida (o Miguel almoçava em casa todos os dias porque trabalhava perto). Recebi duas propostas de trabalho pelo Linkedin para trabalhar em Stuttgart como Engenheira, mas conversei com o Miguel e achamos melhor seguir os planos que nos havíamos comprometido. Em Aachen, procuramos muito uma escolinha onde deixar o Gabriel para que eu pudesse fazer algo, cursos, ou até trabalhar, mas estava tudo lotado e entramos numa imensa fila de espera. Voltando a parte prática, na Alemanha ninguém tem empregada domestica, lá todo mundo faz as tarefas da casa, arruma, limpa e fazem um task force entre os membros da família para poder fazer tudo. Entramos no esquema né, marido começou a colaborar bastante, mais ainda quando eu fiquei grávida, tinha que lavar roupas no Keller e descer 4 andares com as roupas sujas, subir, depois descer pra por na secadora, subir, e depois descer pra pegar tudo... Ufff só de lembrar fico cansada denovo. Eu tinha uma lava-louça em casa, e isso pra mim era uma ajudona. Para limpeza da casa comprava muito os lenços umidecidos descartáveis, um para cada coisa. Tinha um pra piso de madeira, outro pra piso da cozinha, e etc. eu limpava tudo mais ou menos 1 vez por semana. Miguel passava o aspirador em tudo e depois eu vinha com o pano úmido que usava e depois jogava fora. Aprendi a cozinhar bem e super rápido. Essas sao habilidades que voce só desenvolve sobre pressao, de uma criança chorando e pedindo coisas o tempo todo no seu ouvido. Com duas entao nem se fala. Odiava limpar, odiava ficar em casa o dia todo com as crianças, principalmente no inverno que fazia muito frio, e chovia ou nevava, o clima realmente nao ajuda lá... Falava que o que eu mais queria era uma empregada doméstica e uma babá que fizesse tudo por mim. Voltei pra Argentina... e pra minha surpresa... Nao gente, eu nao virei madame, hahahaha. Tinha empregada e voltei a trabalhar como Engenheira, coloquei as crias numa escolinha. Agora, o melhor acontecimento na minha vida foi voltar a trabalhar. Nao abro mao disso mais. Ser mae é lindo, mas ficar o dia inteiro com as crianças nao dá. Agora me sinto tao bem, importante, trabalho 100% focada, estou trabalhando com redes de fibras ópticas e novas tecnologias e estou curtindo muito. Me arrumo, me maquio, tenho vontade de chegar no trabalho, disfruto! Como trabalho meio periodo, as crias ficam pouco tempo na escolinha e a tarde posso aproveitar o tempo com eles e ainda limpar a casa.... ooops... e a empregada? Primeiro... comprei uma lava-louça aqui na Argentina. Segundo, comprei a Air-Fryer (aquela panela que frita com ar da Philips). Essas duas coisas me ajudam demais. Logicamente tenho lava-roupa (e nao tenho que descer 4 andares pra ter acesso a ela). Encontrei mais variedades de panos umidos pra limpeza que na Alemanha.Vi que a empregada já nao fazia tanta falta e combinamos com o Miguel de voltar a fazer o task force para as tarefas da casa. Além do mais isso tem uma grande vantagem. Nao ter alguem estranho sozinho na sua casa. Fiz uma analise e pesei as consequencias de ficar sem empregada e resolvi arriscar... no meu caso esta funcionando. Já estou 2 meses sem e estamos lidando otimamente bem com isso :-) Viram, coisas que só a Alemanha faz por você.
Tenho mais coisas pra contar, por isso dividi esse post em partes pra nao ficar taaao longo, mas ficou né :-(
Vou falar ainda da Reciclagem do lixo em casa (é eu faço aqui como na Alemanha), cuidados de beleza comigo no esquema faça voce mesma, habilidades desenvolvidas com a aprendizagem do idioma alemao.
Espero que voces tenham gostado, desculpem o texto longo.
Beijos..